O clima
de tensão foi agravado com a morte do agricultor Juraci Santana, assassinado
com seis tiros e que teve as orelhas cortadas pelos pistoleiros.
A
deputada estadual Ângela Sousa (PSD) voltou a cobrar, no plenário da Assembleia
Legislativa da Bahia, o apoio do governo do estado e de entidades
governamentais para que unam forças e ajudem a resolver o conflito entre
pequenos produtores rurais dos municípios de Ilhéus, Una, Buerarema e pessoas
que se autodeclaram índios da etnia Tupinambá, que disputam uma área produtiva
de 47,3 mil hectares. De acordo com a deputada, a disputa pela demarcação de terras
na região, intensificada pelas constantes invasões, transformou o sul da Bahia
em um verdadeiro barril de pólvora, com tensão permanente, instauração do medo,
da violência e mortes, além de sérios prejuízos econômicos e sociais para toda
a região cacaueira.
Ângela
Sousa informou que a situação já era de insegurança e de violência, num
conflito que vem se agravando ao longo dos anos, mas que foi acirrada
ainda mais com a morte do produtor rural Juraci Santana, líder do Assentamento
Ipiranga, em Una, assassinado a tiros supostamente por índios Tupinambá. A
vítima foi executada com seis tiros e teve as orelhas decepadas pelos
pistoleiros.
Revolta
Revoltados
com a situação, produtores, pequenos agricultores, assentados do Incra e
moradores de Buerarema decidiram interditar a BR-101 no trecho de acesso ao
município sul- -baiano em protesto contra a onda de violência na região
de conflito. O clima de revolta da população levou os comerciantes a baixarem
as portas dos seus estabelecimentos em solidariedade aos produtores
rurais. Agências bancárias e um posto de gasolina foram depredados.
Em seu
discurso na Assembleia Legislativa, a deputada reafirmou que essa situação de
conflitos, medo e insegurança não pode continuar, sendo necessária uma
intervenção maior do Estado e do governo federal para que o problema seja
resolvido. Ela lembra que desde 2008 vem alertando sistematicamente sobre
o clima de guerra na região, apontando inclusive os prejuízos econômicos e
sociais para toda a população, com impacto na geração de emprego e renda.
A
parlamentar informou que vem articulando reuniões nas secretarias de Segurança
e de Justiça, bem como nas comissões de Agricultura e Direitos Humanos,
participado de audiências com o governador Jaques Wagner e até encontros e sessões
especiais na Câmara Federal, em Brasília, na tentativa de buscar soluções
para o conflito, para que pequenos produtores rurais voltem a viver com
tranquilidade e assim possam garantir o sustento de suas famílias.
Ângela
Sousa fez questão de ressaltar que não é contrária à demarcação das terras em
litígio, e se os descendentes dos índios têm direitos é preciso assegurar
as suas terras, mas é necessário estabelecer critérios de como esse processo
deverá acontecer e o que será feito com mais de 20 mil famílias das regiões de
Una, Ilhéus e Buerarema que hoje vivem da agricultura familiar e que correm o
risco de perder suas propriedades, o que geraria um grande problema
social.
“São
milhares de pequenos agricultores que vivem com suas mãos calejadas do trabalho
para sustentar suas famílias. É gente que vive do trabalho e que planta para
abastecer a cidade. Para onde irão essas famílias caso ocorra a demarcação?”,
questionou a deputada estadual. Ela também informou que o governo federal
possui o programa Brasil Sem Miséria, com uma série de iniciativas como o da
Agricultura Familiar e o Programa de Aquisição de Alimentos, que buscam
justamente garantir apoio ao homem do campo e beneficiar os pequenos
agricultores, mas se contradiz ao realizar a demarcação colocando em
risco esses programas, retirando as terras de pessoas que estão em suas
pequenas propriedades há mais de 80 anos, com sucessão de posse da terra e
documentação regular.
A
deputada reivindicou ainda uma ação mais eficaz na segurança dos produtores que
tiveram a reintegração de posse das áreas, já que são comuns os casos dos
índios que deixam as terras por força de decisão da Justiça, mas que acabam
retornando para as áreas invadidas após a saída da polícia, causando terror e
medo na região, num sistemático desrespeito às decisões do Judiciário.
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